ATA DA DÉCIMA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-7-2004.

 


Aos vinte e oito dias do mês de julho de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Professor Garcia e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni e Clênia Maranhão, Titulares. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Décima Quarta, Décima Quinta, Décima Sexta e Décima Sétima Reuniões Ordinárias, que foram aprovadas. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 305, 306, 307 e 308/04, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 294/04, firmado pela Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa que o Vereador Raul Carrion representará externamente este Legislativo no “I Seminário Nacional sobre Anemia Falciforme – Integração e Construção das Ações em Saúde para a Anemia Falciforme”, a ser realizado no dia dezesseis de agosto do corrente, às oito horas e trinta minutos, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cláudio Sebenelo discorreu acerca da situação do comércio na Avenida Assis Brasil, afirmando que a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio – SMIC – tem-se omitido da discussão entre lojistas e camelôs da Cidade. Nesse sentido, considerou o comércio informal uma das soluções encontradas pelo povo para o desemprego e propugnou pela intermediação desta Casa, no sentido de que as partes envolvidas nesse conflito cheguem a um acordo. O Vereador Ervino Besson avaliou a passeata realizada ontem no Centro, por Agentes de Fiscalização de Trânsito de Porto Alegre, defendendo uma revisão da política adotada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação – EPTC, no que se refere à valorização dessa categoria profissional. Também, comentou manifestação de taxistas reivindicando diminuição das taxas cobradas para renovação do alvará e comemorou a retomada, pelo Governo Estadual, das escolas de turno integral. O Vereador Elói Guimarães discursou a respeito dos protestos populares ocorridos ontem em Guaíba, que resultaram em destruição de ônibus, devido à elevação no preço das passagens do transporte de passageiros para Porto Alegre. Nesse contexto, traçou um comparativo entre os critérios de cálculo das tarifas dos ônibus em Guaíba e Porto Alegre, considerando esse episódio lamentável e justificando que, em última instância, a população é quem irá arcar com esses prejuízos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, analisou as causas da elevação nos preços do transporte coletivo no Brasil, argumentando ter havido uma sofisticação nos serviços oferecidos aos usuários, que fez com que as tarifas sofressem reajustes compatíveis. Ainda, considerou oportuna a idéia de que seja estudada a possibilidade de transporte de passageiros por barcas, entre as Cidades de Guaíba e Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Guilherme Barbosa pronunciou-se relativamente à qualidade do transporte coletivo de Porto Alegre, em comparação com outras cidades do Brasil. Também, comentou as reivindicações dos Agentes de Fiscalização de Trânsito da EPTC e os protestos realizados por taxistas, contra a cobrança de taxas. Finalizando, enfocou o reaquecimento da economia no País, destacando o crescimento do número de vagas de emprego. O Vereador João Antonio Dib parabenizou a construção de passarela na BR-290, conhecida como “Free Way”, na divisa de Porto Alegre com Canoas, que ajudará na segurança das comunidades que residem nas redondezas. Ainda, cobrou a destinação de recursos para melhoramentos em obras públicas da Cidade, condenando os gastos do Governo Municipal com publicidade, e questionou os índices de qualidade de vida apresentados pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se ao transcurso dos quatorze anos da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, ressaltando a importância dessa legislação para a sociedade. Em relação ao assunto, mencionou dados a respeito de registros de casos de violência contra crianças e adolescentes no Estado, chamando a atenção para a grande incidência de lesões corporais, violência sexual e maus-tratos, praticado na maioria das vezes pelos próprios pais das vítimas. O Vereador João Carlos Nedel enfatizou o aumento das vagas de emprego em Porto Alegre, analisando, por outro lado, a falta de qualificação dos candidatos, o que, segundo Sua Excelência, deve-se à falta investimentos na educação, por parte do Governo Municipal. Sobre o tema, citou Veto ao Projeto de Lei do Legislativo n° 140/93, que cria o Fundo Municipal de Crédito Educativo, e elogiou o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, por trabalhar em prol da geração de empregos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion saudou os cento e oitenta anos da imigração alemã no Estado, discorreu sobre a violência no trânsito e noticiou sua participação em seminários sobre o Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Saneamento Ambiental. Ainda, louvou a abertura, hoje, do 3° Fórum Mundial de Educação, comentou aplicações de verbas do Executivo Municipal e exaltou ações do Governo Federal em relação aos pensionistas e aposentados. O Vereador Cláudio Sebenelo criticou as políticas públicas municipais na área de educação, discutindo a questão da falta de pré-escolas. Dessa maneira, apontou o Veto aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 021/03, que dispõe sobre a criação, estruturação e funcionamento do Conselho Municipal de Desenvolvimento – COMUDE, alegando que essa decisão prejudicou o desenvolvimento da área da educação em Porto Alegre. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca do livro “A Mãe do Lula e o Mal de Tarkson”, de autoria do ex-Vereador deste Legislativo, Heriberto Back. Também, retorquiu o discurso do Vereador Raul Carrion, em Comunicação de Líder, a respeito de aplicações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre em fundos de investimento, asseverando que o Executivo possui recursos, porém não os investe de maneira adequada na manutenção e crescimento da Cidade. Na ocasião, o Vereador Cláudio Sebenelo manifestou-se em relação ao falecimento, no dia vinte e dois de julho do corrente, do Senhor Luiz Roberto Lopes, professor assistente da área de Estudos Culturais do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, tendo a Senhora Presidenta anunciado que o Memorial da Casa irá homenagear o Senhor Luiz Roberto Lopes, promovendo uma audição comentada da 9ª Sinfonia de Beethoven. Às onze horas e vinte e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Ervino Besson. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Vereadores presentes.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, eu gostaria de voltar a falar num parente do Ver. Guilherme Barbosa, que foi um dos maiores filósofos brasileiros de todos os tempos, o Adoniran Barbosa; na “Saudosa Maloca”, ele diz: “Os home tá com a razão, nós arranja outro lugar”. Os home continua com a razão. (sic)

Ontem, mais uma vez, os camelôs da Av. Assis Brasil, a fiscalização, e o destempero do Sr. Secretário do PCdoB, Edson Silva, fizeram mais uma grande trapalhada que volta a agitar o comércio daquele local. Segundo o jornal Correio do Povo de hoje, o Sr. Secretário disse que só funcionarão como camelôs na Av. Assis Brasil os camelôs que tiverem a autorização dos lojistas. Ora, isso é uma inversão completa. O próprio Sr. Secretário, na reunião que teve na semana passada, no Colégio Mesquita, lá na Av. Saturnino de Brito, na Estrada do Forte, disse que a calçada é espaço público, e ele, Secretário, se responsabilizaria pela autorização ou não das bancas de venda na Av. Assis Brasil, como um espaço público. Pois exatamente contrariando a sua própria palavra, no dia de hoje, o jornal Correio do Povo estampa a foto da trapalhada, da grande confusão que provocou mais uma vez o pânico entre os camelôs e os lojistas. Mas é evidente que os lojistas têm toda a razão quando dizem que não podem ser vendidas na frente das suas lojas mercadorias de mesmo nome. Têm de reclamar, e tem de ser regrada a questão. Mas o que não aceitamos é esse jogo duplo e esse “mini orçamento participativo” de lojistas e camelôs, porque quando interessa à Secretaria, eles passam a ser responsáveis: os lojistas. Quando interessa à Secretaria, a calçada passa a ser um espaço público legislado diretamente pela Secretaria.

Ora, essa imagem ambígua, essa imagem do “eu não tenho nada a ver com isso”, se lojista vai dar autorização para camelô, nós vamos propor que as raposas continuem a cuidar dos galinheiros. Se há duas partes eventualmente em litígio, dos camelôs e dos lojistas... Muitas vezes, eles convivem numa boa. Se há esse litígio, ora, colocar toda a responsabilidade da autorização num dos lados é ser tendencioso demais, para não dizer outras coisas.

A omissão da Secretaria é a pior atitude, quando ela deve intermediar, ela deve interligar, ela deve apaziguar, ela deve fiscalizar, mas não com a fiscalização arrogante, com a postura agressiva e ofensiva, inclusive do Sr. Secretário junto aos camelôs, dizendo que camelô faz muita maracutaia. Alguns podem fazer, mas há muita gente de “colarinho branco” também fazendo maracutaia.

Por isso, eu apelo aos Vereadores de oposição, eu apelo à Srª Presidenta, que tem sido impecável na defesa dos interesses dos menos aquinhoados, porque o lojista também precisa trabalhar; ele também gera empregos; ele também não pode ter essa concorrência ostensiva e direta do camelô. Para isso, ele precisa que haja um regramento da Secretaria, e só pela Secretaria, e por mais ninguém. Ora, lojista dar autorização para camelô, essa piada eu acho que vai repercutir no Brasil inteiro e vai ser notícia nacional! Porque não é muito inteligente, não é muito feliz esse tipo de decisão por parte da Secretaria, do Sr. Secretário – parece-me que é do Partido do Ver. Raul Carrion –, e eu pediria que o Ver. Raul Carrion, que tem tanta dedicação a essas causas, interferisse diretamente, e pedisse e apelasse ao Sr. Secretário no sentido de que, sem arrogância, sem descortesia, sem agressividade, tratasse desse assunto junto aos camelôs; E especialmente porque eles são a parte mais frágil, eles são a parte mais delicada.

Durante muito tempo, houve uma excelente convivência no Passo D’Areia, a ponto de o nosso Ver. Adeli Sell ter, inclusive, organizado um cadastro para 180 pessoas, e com esse cadastro, com a sua assinatura, com o seu aval, com a sua responsabilidade, resolveu, não só a questão, mas deixou a Av. Assis Brasil, durante muito tempo, com um excelente convívio entre lojistas e camelôs. Por que isso não pode continuar a existir? Se existem queixas, se existem problemas, que a fiscalização atue! Não é disso que nós estamos reclamando: nós estamos reclamando da infelicidade de um Secretário que, muitas vezes, tratou de uma forma grosseira, deselegante, descortês, inaceitável, inclusive quando se trata de uma camada da população que é muito mais fragilizada, cuja situação é muito mais delicada, que não pode parar de trabalhar sob pena de, realmente, passar à marginalidade e à “camelotagem” em Porto Alegre. Não tenho dúvida, não tem sido um grande problema, tem sido, talvez, um grande problema para os lojistas do Centro da Cidade. Mas, em Porto Alegre, a grande maioria dos camelôs encontrou, com a venda nas ruas, talvez, uma solução para o processo de marginalização e desemprego que grassa a mil pelo Brasil.

Por isso, peço a vocês, Vereadores de oposição, que impeçam essa agressão e que trabalhem, junto ao Sr. Secretário, no sentido de chegar a um acordo e a uma intermediação, e não a uma atitude parcial, unilateral e, muitas vezes, até omissa, por paradoxal que isso possa ser: ora sendo autoritário, desrespeitoso e agressivo, ora sendo omisso, dizendo que a autorização tem de partir dos lojistas!

Ora, pelo amor de Deus, quanta insensatez, quanta dificuldade, num momento tão difícil da Nação, num momento de estagnação, num momento de baixas vendas, tanto para os lojistas, quanto para os camelôs, num momento em que existe uma dificuldade tão grande.

Na verdade, lembro muito desse nosso filósofo Adoniran Barbosa: “Os home tá com a razão; nós arranja outro lugar”. É isso aí! Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações por permuta de tempo com o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público das galerias, da TVCâmara, saúdo a todos, agradeço ao meu colega Ver. Elói Guimarães pela permuta do tempo.

Ontem, em Porto Alegre, aconteceram dois atos: uma caminhada dos “azuizinhos” e uma carreata dos taxistas. O que me chamou a atenção, e, acredito, não só deste Vereador, foi uma faixa dos “azuizinhos”, dizendo o seguinte: “Azuizinhos – Preferência do Cidadão; EPTC - Preferência à Arrecadação”.

Ora, quando uma categoria faz um protesto e coloca numa faixa esses dizeres, eu acho, meu caro colega Ver. Guilherme Barbosa, que a casa – EPTC - tem de se rever. Eu entendo que é uma faixa que diz uma coisa extremamente forte (Lê.): “Azulzinho - Preferência ao Cidadão; EPTC - Preferência à Arrecadação”. O que eles querem dizer com isso? Isso é uma coisa que chamou a atenção deste Vereador e acho que não só deste Vereador, mas de muitos munícipes da cidade de Porto Alegre. Algo está errado, porque o Sindicato dos Agentes de Trânsito, o Sintran, não colocaria essa faixa se não fosse algo extremamente forte, porque há acusações muito fortes.

Portanto, fica aqui esse registro, e acho que temos de rever com profundidade, porque os agentes, os "azuizinhos", que têm a responsabilidade de controlar o nosso trânsito, o complicado trânsito da cidade de Porto Alegre, de repente, fazem uma caminhada com uma faixa com esses dizeres, é preocupante. Acho que a Casa, como um todo, tem de rever, tem de reabrir essa discussão junto com o órgão competente que tem a responsabilidade de controlar o nosso trânsito de Porto Alegre, que é a EPTC.

Também houve uma carreata dos taxistas, reclamando das taxas que são cobradas. A categoria dos taxistas, eles que prestam relevante trabalho à comunidade de Porto Alegre, um relevante trabalho social, e que lutam com muita dificuldade, pois pagam muitas taxas, como a renovação de alvarás. É preciso aliviar um pouco essa categoria, porque a situação está cada vez mais difícil para a sobrevivência e o pessoal não agüenta mais pagar tantos impostos.

Então, temos de rever isso; quando uma categoria se mobiliza e faz uma reclamação tem de se rever com profundidade. Ficam aqui esses dois registros.

O terceiro registro que faço nesta tribuna, o faço com muita alegria, pois Porto Alegre, hoje, o nosso Rio Grande, está vivendo um dia extremamente importante, um sol brilhante, um dia que ficará, sem dúvida nenhuma, marcado para a nossa Cidade, para o Rio Grande, pois às 14 horas, no Palácio Piratini, o nosso Governador do Estado, Germano Rigotto, e o nosso Secretário de Educação, José Fortunati, irão assinar um ato para retomada das escolas de turno integral, meu caro Ver. Elói Guimarães. Digo isso com muita alegria, porque com a retomada das escolas de turno integral, sem dúvida nenhuma, a Cidade, o Rio Grande, terão, sim, condições de colocar essas crianças, esses jovens para que permaneçam durante o dia nas escolas, aprendendo, estudando e não perambulando na rua, o que está acontecendo no dia de hoje.

Portanto, estaremos lá, o ato é muito importante, acho que os Vereadores terão que estar presentes. Não vamos destacar siglas partidárias; acho que todos os Partidos deverão estar presentes porque é um ato importante para a Cidade, um ato importante para o nosso Rio Grande. Sem dúvida nenhuma, com a retomada da escola de turno integral, o nosso grande líder que partiu deve estar vibrando lá no céu, porque era uma bandeira que ele tanto defendeu na área da Educação. E hoje, às 14 horas, a nossa Porto Alegre, o nosso Rio Grande, as nossas crianças, principalmente as crianças mais pobres que não têm condições de permanecerem junto com seus familiares durante o dia, porque o pai e a mãe têm de trabalhar para sustentar a família, e as crianças ficam perambulando nas ruas, e as escolas de turno integral são um alívio para essas famílias, são uma qualidade de vida melhor para o nosso povo, para a nossa Cidade, porque essas crianças, nas escolas, vão aprender, terão oportunidade de se preparar para dias melhores.

Portanto, parabéns ao nosso Governo do Estado, parabéns ao nosso Secretário da Educação, José Fortunati, por esse ato que realizar-se-á às 14 horas do dia de hoje, que ficará marcado como uma retomada, uma mudança na Educação na cidade de Porto Alegre; uma mudança para melhor, não só para Porto Alegre, mas para o nosso Estado do Rio Grande do Sul. Porque há CIEMs e CIEPs em alguns locais; o Dr. Alceu Colares construiu CIEPs em diversos Municípios do nosso Rio Grande do Sul.

Faço este registro, e o faço com muita alegria, porque, sem dúvida nenhuma, a retomada da escola com turno integral é um extraordinário ganho para a nossa Porto Alegre e para o nosso Rio Grande do Sul.

Encerro, dizendo, mais uma vez, parabéns ao nosso Governo do Estado, parabéns ao nosso Secretário da Educação. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães, que havia trocado seu tempo com o Ver. Ervino Besson, está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, o noticiário de hoje dá conta de depredações de ônibus e uma série de conflitos na cidade vizinha de Guaíba, assunto ligado basicamente à questão tarifária. Lamentáveis os acontecimentos na medida em que é destruído o patrimônio. Por outro lado, também, não se pode deixar de examinar o custo tarifário, o preço da tarifa. Porque se nós fizermos uma análise do preço, do custo, nós vamos ver que o preço é uma relação entre o valor preço e o valor capacidade, vamos dizer assim, de resgatar, de contrapor o preço. Essa relação é fundamental. Evidentemente que nós não conhecemos em detalhes a metodologia que instrui o processo tarifário na cidade de Guaíba. Por outro lado, considerações se impõem, pelo número de pessoas que trabalham na cidade de Porto Alegre. E neste período, quando a gente faz muitos contatos em razão até da campanha política, constata-se o grande número de empregados, trabalhadores, funcionários residindo na Grande Porto Alegre e trabalhando em Porto Alegre.

As cidades no entorno de Porto Alegre são basicamente cidades-dormitórios, embora esses municípios da Região Metropolitana tenham desenvolvido as suas taxas de serviços e industrialização. Há um certo desenvolvimento nessas áreas, mas a substância, o grosso, por assim dizer, das demandas a Porto Alegre, são de pessoas que trabalham em Porto Alegre e que residem nos Municípios periféricos.

Então, esse acontecimento é lamentável sob todos os aspectos. É lamentável do ponto de vista dos danos aos ônibus, que, em última análise, serão pagos pela população; é lamentável pelos atritos de toda ordem, pelos conflitos, e, por outro lado, há o preço da tarifa. Isso remete para a discussão que nós pretendemos desenvolver. Já disse que não conheço a metodologia de cálculo da cidade de Guaíba; conheço a de Porto Alegre, até porque temos, na nossa Lei, uma lei de autoria deste Vereador, instituindo, na cidade de Porto Alegre, a metodologia de cálculo para o transporte coletivo, em que se estabelecem, de forma clara, todos os componentes que integram o preço da tarifa. Podem-se discutir determinados pesos na referida metodologia, sim; mas é algo absolutamente transparente que rege o transporte na Cidade.

Por outro lado, há uma série de questões que nós temos que discutir. Na minha opinião, nós sofisticamos demais o transporte. Não que as pessoas não mereçam, não é essa a questão. Mas nós fomos sofisticando, e, na medida em que nós sofisticamos, Srª Presidenta, nós fomos encarecendo a tarifa, porque tarifa é custo. Basta pegarmos a lei desta Casa que define a metodologia de cálculo, que nós vamos ver, ali, todo o mapa dos componentes que integram o preço da tarifa. Outros fatores também passaram a ocorrer, por exemplo: a perda de passageiros. Caiu assustadoramente a demanda. Se nós compararmos julho do ano passado com julho deste ano, nós vamos ver que, no transporte coletivo, perderam-se cem mil passageiros por dia. Então, os senhores vejam A queda significativa. Há uma série de fatores que contribuíram para isso, um desses fatores é o processo tecnológico; o celular, por exemplo. O celular provocou uma revolução fantástica. A Internet, lembra o Ver. Guilherme Barbosa. A figura do motobói hoje, está aí. Há um grande movimento de motos - movimentos perigosos, inclusive – a que nós temos assistido, e nada contra o motoqueiro, porque ele está ganhando a sua vida honradamente, mas há um ziguezague nesta Cidade. Foi lançada na rede viária da Cidade uma quantidade imensa de motos, e, em conseqüência, certamente - eu não vi as estatísticas - deve ter aumentado o número de acidentes em função da velocidade que eles imprimem entregando tortas, galeto, documentos, pizza, etc. e tal; então há todo um movimento violento na Cidade.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, eu não tenho nenhuma dúvida de que a grande condição para um excelente transporte coletivo é ter uma tarifa justa; mas tenho uma dúvida muito séria, porque de repente isso está acontecendo. Nós vimos, há poucos dias, em Florianópolis, acontecer fato semelhante ao de Guaíba, mas há um fato que não tem sido considerado: uma boa parte dos usuários do transporte coletivo tem vale-transporte; quando não havia vale-transporte, não havia essa violência. O que será que está acontecendo? O que está sendo musicado e programado?

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Em minha análise, evidentemente, não encaro de forma nenhuma essas situações antipatrióticas, anticidadãos, como manobras por bandeiras políticas. Falo de coisas sérias e não de jogadas políticas, as quais eu não examino - e elas podem acontecer, como já aconteceram mediante um conjunto de informações que temos. Mas o meu tempo correu tão rápido, que eu não consegui desenvolver a temática, que é fundamental, e neste sentido vou pedir à Presidenta que adite ao meu tempo, o tempo de Liderança para que eu consiga finalizar o meu pensamento a respeito da matéria, pois são questões sérias.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Esgotado seu tempo, Ver. Elói Guimarães. V. Exª prossegue com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Vinha dizendo que a sofisticação que nós processamos não é somente aqui, é no Brasil, porque num determinado momento o transporte, que não tinha financiamento, passou a tê-lo. O transporte passou a ter certas linhas de financiamento, como quando em 1988 foi implantado o vale-transporte, que veio distensionar as grandes pressões que o usuário, com justiça, fazia sobre o preço da tarifa. Mas a sofisticação da frota, do material rodante passou, na minha opinião, a ser levado para a tarifa. Por exemplo, todo mundo tem direito ao ar-condicionado; mas o cidadão que usufrui o ar-condicionado no ônibus, quando chega na sua casa, não tem direito ao mesmo conforto. Então são coisas discutíveis. Em certas circunstâncias deveria haver ar-condicionado nos ônibus, é uma interrogação. Mas se eu não estendo esse padrão para o conjunto da minha vida, eu não estaria sofisticando, singularizando, já que quem paga a passagem é ele, é o cidadão? É bom que se diga que quem remunera a tarifa é o passageiro, embora haja o vale-transporte, para o qual há um repasse.

Também temos de debater a questão da isenção. Hoje, sobre a tarifa, em Porto Alegre, recai um peso de 20% em isenções. Mas será que essas isenções estão corretas? Eu não estou fazendo afirmação; estou fazendo interrogações para o debate. Mas o critério para a isenção não deveria ser econômico? Por que o critério etário, por exemplo? Também não estou afirmando, não estou condenando, mas, sim, questionando. Afinal, por que o critério da idade e não o critério do bolso daquele que ganha pouco? O fato de ter-se mais de 60 anos não significa dizer que se ganhe muito pouco, ou o fato de ter-se 20 anos, que se ganhe muito para pagar a tarifa.

Então, sobre essas coisas todas nós temos de fazer um amplo debate para, exatamente, ver onde a isenção está cometendo injustiças. Eu não estou fazendo afirmativas; eu estou questionando para a discussão que nós temos de fazer, de forma transparente, sem procurar encontrar culpados aqui, ali e acolá. Então, há uma série de fatores quanto ao transporte coletivo que, muitas vezes, levam a acontecimentos lamentáveis como esse, lá em Guaíba – não estou entrando em detalhes. Eu penso que nós temos um lago navegável, para o qual se pode, sim, discutir uma alternativa de transporte, via barca, de Guaíba para Porto Alegre. E, para isso, nós temos de consultar se as demandas existentes tornam auto-sustentável – olhem o detalhe – um serviço alternativo por barcas. Pode ser que sim, porque, em transporte, tem de se trabalhar com a questão da auto-sustentabilidade; está aí o Trensurb que, a partir deste ano, teve um crescimento, mas há um déficit de 40%, Ver. Guilherme Barbosa. A bolsa popular, os cofres da Nação, não importa, subsidiam a tarifa do Trensurb; é a tarifa invisível, o povo que a paga, porque é do povo que saem os recursos.

Muito bem, há uma série de questões que nós queremos debater, pela sua atualidade, até para que se evitem acontecimentos como os que vêm ocorrendo. Muito obrigado, Srª Presidenta.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Bom-dia, cumprimento a nossa Presidenta, Verª Margarete Moraes, colegas Vereadores e Vereadoras, pessoas que nos acompanham na Sessão. Acho que o Ver. Elói Guimarães realmente traz um assunto de muita importância para a Cidade e que, de certa maneira, conseguimos, neste momento, discutir na tese, já que, felizmente, os problemas citados não têm sido de Porto Alegre, mas por ocorrerem na nossa vizinhança: primeiro, numa capital ao nosso lado, Florianópolis, e, agora, numa cidade próxima a Porto Alegre, em Guaíba, faz com que nós possamos fazer um debate fora da questão eleitoral, ou seja, fora de uma situação que estivesse em crise na nossa Cidade, mas em cima de uma situação real. O nosso transporte coletivo, atualmente, apresenta um grau muito elevado de qualidade, com frota nova, com um crescente número de veículos com ar condicionado, com crescente número de veículos com acesso para as pessoas portadoras de deficiência, com motoristas e cobradores que possuem o segundo melhor salário do País, perdendo somente para São Paulo. Uma série de circunstâncias e de elementos valem para o debate.

Ouvindo, hoje, um técnico da Metroplan, ele reafirmou que onde há o maior número de veículos clandestinos, Verª Clênia Maranhão, é na cidade de Guaíba – exatamente de Guaíba para Porto Alegre e vice-versa -, a Metroplan tem feito um esforço para que isso não aconteça. E a gente verifica que o transporte clandestino surge onde o transporte regular não está resolvendo o problema, onde não está atendendo a demanda da população, seja em relação à quantidade de veículos, seja em relação à qualidade desses veículos, seja em relação ao valor da passagem, e assim por diante. Em São Paulo, por exemplo, existe uma situação muito grave de veículos clandestinos. Eu ouvi o Secretário Alceu Moreira, acusando frontalmente - acho que está nos jornais, também -, que aquelas ações haviam sido causadas por pessoas que trabalham com transporte clandestino, no sentido de fazer crescer esse tipo de atividade, que é um risco para o usuário, porque não possui segurança nenhuma. Ou seja, as pessoas não são treinadas, os veículos não são fiscalizados, etc.

Outra questão levantada pelo Ver. Elói, que a gente tem debatido nesta Casa, e que é sempre uma fonte quase interminável de projetos, é a que trata da isenção da tarifa para alguns setores da população. E quase sempre a preocupação é verdadeira - a gente entende isso -, mas o Vereador ou Vereadora que propõe um Projeto como esse não lembra que são os outros que vão pagar a tarifa. De alguma forma o transporte será pago, e quanto mais um grupo é isento da tarifa, os outros vão pagar, evidentemente. E nós já temos, se não me engano, cerca de 30% de passageiros com isenção; quer dizer, eu acho que já chega, Ver. Elói Guimarães. É um impacto muito forte e que termina revertendo contra todo o sistema. Além disso, de fato, há redução de passageiros em todo o País, que acho que tem a ver com a situação da economia.

Felizmente, eu tenho falado bastante isso, as últimas notícias são alvissareiras. Hoje, um jornal da nossa Cidade coloca que, comprovadamente, nos dois últimos meses aumentou a oferta de vagas, de empregos com carteira assinada, e eu tenho destacado isso com muita alegria. Mas, com certeza, isso impactou; além disso, vários outros aspectos já aqui foram destacados.

Pela Internet, hoje em dia, a gente compra, a gente paga, a gente faz uma série de serviços que antes não se fazia. Portanto, os deslocamentos que antes eram necessários de serem feitos, muitos deles já não se fazem mais. Há uma série de circunstâncias que coloca, creio eu, o futuro do transporte coletivo em debate, para que nós consigamos ter um serviço de qualidade e uma passagem acessível ao bolso das pessoas.

Quero comentar também a mobilização dos “azuizinhos” havida ontem na Cidade e a faixa referida pelo Ver. Ervino Besson. Eu acho que toda categoria tem de se mobilizar, e nós, membros do PT, sempre fomos incentivadores disso. Sempre tem de estar trabalhando para melhorar o seu salário e as suas condições de trabalho, isso é natural e tem de ser assim permanentemente. Mas quero dizer que não concordo com a forma com que a Diretoria do Sindicato trabalha. Todos nós aqui recebemos o Boletim do Sindicado e a forma de seu texto, o seu palavreado, é de um nível quase rés ao chão, coisa que não se admite.

Pode haver mobilização, pode haver pressão forte, mas respeitando as pessoas. De fato, o Sindicato, através de seu Presidente, não respeita. A frase da faixa já é um “café quente, requentado”, essa história de que a EPTC é uma fábrica de multa, de arrecadação, faz tempo que a população de Porto Alegre sabe que não é isso, inclusive, a arrecadação de multas da EPTC tem caído, o que é uma coisa muito positiva, porque significa que o trabalho da própria empresa, tanto educativo quanto fiscalizatório tem dado resultado. A EPTC - e quero dizer que não faria isso se fosse Secretário, mas, de certa maneira, elogio o Secretário Túlio Zamin – anuncia onde os “pardais” móveis vão estar. Ora, se todos nós temos de obedecer à legislação, e o máximo de velocidade permitido na cidade é de 60 km/h, por que vai-se anunciar a presença do pardal a alguém que vai estar a 80km/h? De qualquer maneira, isso é feito dando uma demonstração – e diariamente as rádios anunciam isso – de que a EPTC não está interessada na multa - pela multa - para fazer a arrecadação. Portanto, essa faixa aqui (aponta para o jornal Correio do Povo) é um “café requentado” que não tem a ver com a realidade.

Por último, a questão dos taxistas, e o Secretário Túlio Zamin em determinado momento fala aqui - pelo menos no jornal Correio do Povo -, que, na verdade, há uma briga na Justiça entre dois sindicatos. Nós sabemos que, infelizmente, a categoria tem dois sindicatos que pretendem representá-la. E, nessa disputa, a EPTC termina sendo obrigada a fazer recolhimento para um, por decisão judicial ocorrida até agora. Portanto, termina “estourando no colo” da Prefeitura o problema que, na verdade, não é seu exatamente.

Mas quero finalizar o meu tempo e reafirmar uma esperança, uma alegria que nós, petistas, principalmente, nós que estávamos apreensivos com a necessidade do crescimento da economia, da geração de emprego, vemos que, depois do remédio amargo que nosso Governo precisou dar no começo do ano passado, agora a economia do País cresce. São dados absolutamente consistentes. Eles se somam e, felizmente, começa a contratação de pessoas. A economia está aquecida e isso é bom. Creio que a própria oposição deve estar contente com isso, porque significa que o nosso País entra numa outra fase diferente daquela em que nós estávamos vivendo até agora. Obrigado e bom dia a todos.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, uma mentira repetida reiteradas vezes, ainda mais se com grande publicidade, termina parecendo ser verdade. Eu vou analisar dois fatos que mostram que mentindo, mentindo, propagando e gastando dinheiro em publicidade, esses fatos podem parecer verdade.

Na segunda-feira, recebi um convite - não sei se outros Vereadores receberam, mas não vi políticos - para a inauguração de uma passarela no quilômetro 91 da Freeway. Eu, na realidade, não entendi por que fui convidado, por que os Vereadores da Cidade foram convidados; imagino que todos foram, inclusive o Prefeito e o Secretário de Obras, mas não os encontrei. Foi feita uma passarela com cerca de 400 metros de extensão, pelo seu desenvolvimento e travessia, para fazer transitarem por ela cerca de 400 pessoas diariamente, hoje. Pode ser que depois transitem mais. E essa passarela custou um milhão e 200 mil reais para a Concepa, não para o Poder Público do Estado, e muito menos para o Poder Público Municipal. E ali eu pude presenciar a força das associações de bairro. A Associação dos Moradores da Vila Dique 2, que estava lá presente; durante seis anos pressionaram para que saísse essa passarela; e também estava a Escola Estadual Brigadeiro Eduardo Gomes, solicitando a mesma coisa, porque, às vezes, crianças faziam a travessia de Canoas para a escola. Eu vi, com satisfação, que a Associação e a Escola estavam congregadas, buscando conscientizar as pessoas para que ninguém mais fizesse a travessia, colocando em risco a sua vida, pois, no trânsito, um atropelamento ou outros incidentes podem ocorrer. Então, a Escola e a coletividade vão fazer, com o material fornecido pela Concepa, um trabalho para conscientizar a coletividade de que é necessário que se utilize a passarela, ainda que se tenha de percorrer 400 metros em vez de cem, 150 metros - é importante! E até é bonito olhar o trânsito lá de cima. É uma coisa muito bonita, vale a pena!

Enquanto eu, o único Vereador que lá estava, me congratulava mentalmente com a Concepa e com a coletividade, pensava: “Como é fácil mentir”! E mentir muitas vezes faz com que se pense que é verdade. Eu tenho ouvido reiteradas vezes que o Orçamento Participativo decide as obras da Cidade. E o que eu tenho visto na apresentação das obras a serem executadas nos últimos quatro anos? Eu tenho visto que o Complexo da Conceição, especialmente o túnel, será recuperado. Então, está incluída a verba que o Orçamento Participativo destina para isso - Orçamento Participativo entre aspas: é o Prefeito e os seus seguidores! -, termina o ano, e a verba, eu não sei para onde vai, talvez para CDBs. Segundo ano, terceiro ano, agora é o quarto ano! Agora disseram que a Universidade fez um estudo e constatou que não há risco iminente de deterioração maior. Eu tenho as minhas dúvidas sobre esse estudo.

Eu vou lembrar o Viaduto Obirici, em que a Prefeitura gastou 350 mil dólares, inexplicáveis - inexplicáveis! -, e o Viaduto Obirici estava em excelentes condições. Só que a recuperação levou dois anos! É verdade que, quando há uma fissura - eu sou engenheiro, sei o que estou dizendo -, onde há umidade, onde há infiltração de umidade, essa fissura cresce, e não aritmeticamente; ela cresce geometricamente. Então, realmente, eu acho que a Prefeitura está mentindo quando coloca no Orçamento verba para recuperar o Túnel e não faz, passa para o outro ano – é a quarta vez! Essa é uma mentira! Agora, vamos a outra mentira: eu tenho, muitas vezes, desta tribuna, dito que esta história de Cidade de melhor qualidade de vida no País, a Prefeitura do PT, em 16 anos, ganhou duas vezes, porque essas eu vi. O resto eles estão sempre repetindo a mesma coisa – melhor qualidade de vida.

Eu fui Prefeito e, em três anos, ganhei três vezes! O Villela, antes de mim, ganhou, em oito anos, seis ou sete vezes, uma vez eu sei que foi o segundo lugar. Thompson Flores, a mesma coisa. Eu me lembro que a primeira vez que vi foi o Leonel Brizola que trouxe, em 1957, o título de Capital de melhor qualidade de vida.

Agora eu vi, pintado, ali na Annes Dias, que Porto Alegre é a cidade de melhor qualidade de vida. Mas não é o que eu leio nos jornais! Não é o que eu leio nos jornais! Porto Alegre recua no ranking nacional. Porto Alegre recuou do quarto para o sétimo lugar! Não era primeiro, não era segundo, não era terceiro, era quarto – para o sétimo lugar dentro do ranking das cem melhores cidades brasileiras para residir e desenvolver carreira profissional! Se não me engano, São Paulo ficou em primeiro lugar, e Bento Gonçalves ficou com o quinto lugar! Vejam V. Exas. que, quando nós estávamos na Prefeitura, nós não fazíamos publicidade, mas nós ganhamos todos os anos, praticamente, o título de Capital de melhor qualidade de vida! Tenho, lá, no meu gabinete, revistas para mostrar que nós ganhamos mesmo, e que Bento Gonçalves era a segunda. Agora, a Prefeitura gasta muito dinheiro para contar uma mentira. Ao longo de 16 anos, ganhou duas vezes! Não tem documento para dizer: “Olha, aqui está!” Como para nós era rotina ganharmos o título de Capital de melhor qualidade de vida, nós nunca fizemos publicidade. Um dia, o Prefeito Guilherme Socias Villela quis fazer uma publicidade do parque Maurício Sirotsky Sobrinho – naquele tempo ainda se chamava Parque da harmonia –, e os Partidos entraram na Justiça, obrigando a que se retirasse a publicidade que se fazia em torno de uma obra que foi construída com amor e carinho pelos servidores municipais. Não houve nenhum projeto, até, para fazer o Parque da Harmonia, hoje Maurício Sirotsky Sobrinho. Foi feito, na escala um por um, pelo engenheiro agrônomo Kurt Zimmermann, e, na medida das necessidades, as outras Secretarias ajudavam. Eu era o Secretário do Governo, e levava o Prefeito e as outras Secretarias para ajudar o engenheiro Kurt a fazer uma obra belíssima sem custo maior para a Prefeitura, aproveitando materiais que ali havia. Foi-se fazer uma publicidade em torno de uma realização extraordinária – extraordinária, até porque era diferente -, e o Prefeito foi retirado do ar; e não era período eleitoral.

Mas, de qualquer forma, a Prefeitura sabe mentir bem. Mente tão bem que diz que tem déficit, e eu leio que há dinheiro aplicado em CDBs. Mas tudo bem; amanhã há de ser melhor do que hoje. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores aqui presentes, senhoras e senhores que acompanham os nossos trabalhos na manhã de hoje, eu queria recolocar nesta tribuna duas temáticas que, evidentemente, preocupam a sociedade brasileira, mas preocupam de uma forma muito especial as porto-alegrenses e os porto-alegrenses, pelas contradições existentes no nosso Município. Porto Alegre é uma cidade que, ao longo da sua história, tem construído uma concepção igualitária, libertária, democrática, um discurso inclusivo, e os nossos munícipes e as nossas munícipes têm demonstrado uma enorme disponibilidade de serem co-responsáveis pela construção de uma sociedade, de uma cidade onde todos nós possamos ter segurança e sermos atendidos dentro e fora das nossas casas. Porém, neste mês de julho, a sociedade comemorou 14 anos de uma legislação que é uma referência para vários países, para os militantes das causas sociais, dos direitos civis, dos direitos humanos: o Estatuto da Criança e do Adolescente, que é uma legislação que tirou uma pecha da sociedade brasileira, que dividia as crianças ricas e as crianças pobres. No texto da lei, do antigo Código de Menores, as crianças excluídas, vítimas, eram consideradas seres marginais. A ampla mobilização dos assistentes sociais, dos psicólogos, dos diretores de escolas, de creches, dos parlamentares, fundamentalmente das parlamentares, resultou na construção de uma legislação que colocou a criança como cidadã. Essa foi uma conquista fundamental que, inclusive, colocou o Brasil, perante a comunidade internacional, como um dos países que tinha, enfim, acatado as decisões da Convenção da ONU, que definiu os direitos da criança. Porém, todos nós sabemos - não apenas nós os legisladores, as legisladoras - que num país pobre, com enorme índice de exclusão... Vou retificar, não é um país pobre, é um país rico, o Brasil, mas com um enorme índice de pobres, miseráveis, excluídos, com um enorme índice de violência, quer seja urbana, rural ou doméstica. Nós temos sempre duas grandes batalhas: primeiro, é a construção da lei; depois, é a garantia da lei, na vida, no cotidiano, na prática, na realidade da nossa sociedade.

Então, faz 14 anos que nós podemos dizer que podemos comemorar, do ponto de vista institucional, legal, teórico, o texto do livro da lei, a construção de uma legislação igualitária, moderna, promissora, democratizante. Quatorze anos depois dessa vitória, dessa conquista, nós temos os dados da realidade do nosso Município, do nosso Estado, do nosso País, apresentados, inclusive em Porto Alegre, pelo Presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente. Infelizmente, os dados nos demonstram que só no ano de 2003, 7 mil e 348 casos de violência contra crianças e adolescentes foram registrados no nosso Estado. E o mais impressionante é que desses mais de 7 mil casos de violência praticados contra as crianças - os seres mais vulneráveis, que deveriam ser protegidos pela sua família, pela sua comunidade, pelos seus governos -, essas denúncias se concentraram, fundamentalmente, em três tipos de agressões: as lesões corporais, a violência sexual e os maus-tratos. Mas o mais indignante, o mais alarmante, é que os autores dos maus-tratos, violência sexual, lesões corporais contra as crianças e adolescentes no nosso Município, eram pessoas das famílias. Não foram praticados pelos clássicos bandidos que estão nos presídios ou por aqueles que já são detectados pelos aparatos repressivos como marginais. Os autores dos atos e maus-tratos, lesões corporais e violência sexual praticados no Município de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul contra as nossas crianças, estão dentro das suas casas; são principalmente os pais.

Isso faz com que nós tenhamos de repensar, com enorme profundidade, os valores que nós temos. Qual a nossa condição de mudar esses valores estabelecidos por essa sociedade? E o mais trágico é que essa violência tem sido continuada e, o mais impressionante, todos nós, militantes na defesa dos direitos infantis, sabemos que esses dados sequer correspondem à realidade. Nós sabemos que os dados oficiais a respeito de violência nunca são verdadeiros, porque muitos e muitos casos de violência não chegam às delegacias. Fundamentalmente, quando é uma violência doméstica, violência praticada contra os membros da família, a violência intrafamiliar, que é a chamada violência oculta, em que a vítima é vitimizada por um longo período e que, mesmo que não chegue à morte, levará para o resto da sua vida as seqüelas dessa violência.

O outro dado fundamental para que nós nos inteiremos dessa brutal realidade é que a maioria dos depoimentos dessas vítimas são modificados após o período da denúncia, o que é um indicativo claro, preciso, de que ela continua sendo vitimizada, dessa vez pelo instrumento da ameaça, o que faz com que ela realmente mude o seu depoimento.

Trazendo essa realidade ao nosso Município, é importante que todos nós, Parlamentares desta Casa e cidadãos deste Município, cobrem com muito mais veemência e procurem clarificar quais são os papéis que cada um de nós temos em relação a isso. É preciso que nós rediscutamos aqui os investimentos públicos, as quantidades dos valores aplicados às políticas sociais aprovados por nossos Parlamentares.

É preciso que nós façamos uma análise das parcelas do Orçamento destinadas à rede de proteção das crianças vítimas, que, em nosso Município, é absolutamente insignificante. E é preciso, por último, que nós tenhamos a clareza de que a solução dessa questão passa, necessariamente, pela priorização dos Poderes Públicos Municipais - no caso, Porto Alegre, em que a política social está municipalizada -, e pela definição da responsabilidade da Prefeitura Municipal, da Câmara de Porto Alegre e das entidades não-governamentais. Essas eu acho que têm feito sua parte com uma coragem enorme, cumprindo com rigor absoluto o seu papel. Mas eu acho que, quando se comemoram 14 anos de um instrumento legal tão importante, e quando os dados nos mostram que, infelizmente, a violência prossegue com crescente índice e com enorme vigor nos lares, nas instituições, inclusive do Estado, é preciso não deixar passar em branco; é preciso não deixar passar como fato corriqueiro as denúncias feitas pelo Conselho Municipal e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança da nossa Cidade e do nosso Estado.

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós tivemos uma notícia alvissareira, de que aumentou o número de vagas para emprego em Porto Alegre. Puxa, finalmente uma notícia boa! Mas aí, analisando, nós deparamos com outras dificuldades. O número de vagas aumentou, mas muitas pessoas não se qualificam para obter essas vagas. Portanto, a gente vê a nossa dificuldade na Educação, essa Educação que o Partido dos Trabalhadores, durante esses 16 anos em que aqui esteve, aplicou apenas um ano o devido, o exigido pela Lei Orgânica, em Educação.

Estamos a dever à sociedade investimentos em Educação, há muito tempo! E, justamente, quem não aplicou em Educação? O então Prefeito Tarso Genro. Por não ter aplicado o devido na Educação, foi guindado a Ministro do Governo Federal, a Ministro do nosso País.

Ora, Ver. Sebenelo, quem não aplicou como Prefeito o que devia aplicar em Educação, será que vai aplicar, como Ministro, em Educação? É uma interrogação muito séria! Então, problemas fundamentais, problemas de saúde, estão vinculados à necessidade de educação.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador João Carlos Nedel, o ex-Prefeito desta Capital, Dr. Tarso Fernando Genro, recentemente anunciou que faria mais faculdades - eu entendo que é um grande mal, nós precisamos cursos de nível técnico de excelente qualidade -, mas pior do que isso, ele anunciou que uma nova loteria poderia financiar a faculdade. Chega de jogo! Os que jogam são aqueles que têm menos, aqueles que não podem perder um, dois ou cinco reais. Nós não precisamos de mais jogo, nós precisamos de mais trabalho, mais seriedade na coisa pública.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado Ver. João Antonio Dib. Realmente, o jogo financiar a Educação é uma vergonha nacional.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria cumprimentá-lo pela abordagem desse tema e, principalmente, pela incoerência que está sendo ressaltada aqui na questão da Educação. Ora, nós estamos precisando desesperadamente de pré-escola, de escola, e como diria o grande filósofo gaúcho Osvaldo Rolla: “O mal deste País são os burros com diploma”. É isso.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: E nesta Casa, o Ver. Nereu D’Avila apresentou, por duas vezes, o Projeto de Crédito Educativo Municipal, que foi vetado pelo Sr. Prefeito e entrou até na Justiça para não investir na Educação; e aí chega no fim do ano faltou investir 5% na Educação. Essa é a tristeza que a gente vê; depois os resultados aí estão.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, eu gostaria de lembrar que quem criou as loterias e os jogos neste País não foi o Governo Lula. Trata-se, já que existe, é utilizar o dinheiro que já existe das loterias, ou para o esporte ou para a educação. Também queria lembrar que quando houve a votação do Projeto sobre os bingos, que são jogos também, o Partido do Ver. Sebenelo, junto com o PFL, ou seja, a direita neste País, é quem pediu que fosse votado e aprovado. Então é muita incoerência e muita demagogia neste microfone aqui. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ora, Vereador, o senhor querer justificar o mal com outro, também não cai bem. Não é correto justificar o mal com outro mal. O que o Ministro quis foi criar nova loteria, mais um jogo para financiar a Educação.

Vejam como são as coisas: vêm querendo defender uma constatação real. Não aplicou o que devia em Educação, e eu denunciei ao Ministério Público, e a denúncia já foi aceita pelo Superior Tribunal Federal – estive há 15 dias em Brasília e acompanhei o processo. Estou processando o ex-prefeito Tarso Genro para que o Tribunal decida se foi crime de improbidade administrativa ou não. O Superior Tribunal Federal irá decidir. Ou são cumpridas as leis, ou, então, o que estamos fazendo aqui? Como Vereador, sou responsável por fiscalizar e estou cumprindo com a minha tarefa.

Mas quero continuar falando sobre desemprego. Quero fazer um elogio ao SEBRAE, que está trabalhando fortemente para a geração de emprego e renda. E o SEBRAE, Srª Presidenta, lançou o Manual do Candidato Empreendedor; um manual que quer comprometer todos os candidatos - e já estou comprometido - com o apoio à micro e pequena empresa - geradoras da maior quantidade de oportunidades de emprego neste País.

E, tristemente, em nossa Capital, não são apoiadas as microempresas. O Prefeito recusou-se a implantar o Simples; continua tributando em excesso as empresas em Porto Alegre, levando várias para os municípios da Grande Porto Alegre, levando os empregos para lá e deixando aqui o desemprego.

É triste. A gente recebe no gabinete, diariamente, pessoas desempregadas, que não têm oportunidade de emprego.

Portanto, o SEBRAE está fazendo um trabalho muito bom, acompanhando, estimulando o empreendedorismo no nosso Estado. E isso também na área de qualificação profissional, no que também é acompanhado pelo SENAC, pelo SESC, pelo SENAI, pelo SESI, que estão fazendo a sua parte. Ou seja, a atividade privada está fazendo a sua parte tentando gerar emprego, gerar impostos e criar a paz social em nosso País.

Uma das maiores preocupações da nossa sociedade é com o desemprego, e aí cabe também uma reflexão para nós - Vereadores - que, às vezes, criamos, como diz o Ver. João Antonio Dib, leis em excesso. Será que nós não estamos criando leis em demasia? Não estamos burocratizando?

E aqui eu recebo a visita da arquiteta Lúcia Langer, que acompanha a área da construção civil. E eu estive num grupo empresarial, na semana passada, e seu projeto de um grande condomínio residencial está emperrado na Prefeitura há três anos. O Shopping Belvedere está emperrado há mais de três anos, o Shopping Total levou três anos para ser aprovado. Será só culpa da Prefeitura ou também somos nós que estamos criando leis burocráticas em demasia? É uma reflexão que eu faço. Só que o desemprego está aí à nossa porta e a construção civil, que deveria ser incentivada, está sendo emperrada. Essa é a reflexão que eu quero fazer para que nós possamos ajudar no encaminhamento e na geração de novos empregos em Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion, que permuta seu tempo com o Ver. Cláudio Sebenelo, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes, Presidenta desta Casa, agradecemos ao Ver. Sebenelo, que foi sensível à nossa solicitação, cedendo-nos o seu tempo. Eu queria, em primeiro lugar, saudar, ainda que passado o momento, os 180 anos da imigração alemã em nosso Estado. Foi comemorada no domingo a sua chegada a São Leopoldo e no domingo anterior, dia 18, a sua chegada a Porto Alegre. Teremos oportunidade, na Sessão Solene que esta Casa irá realizar, de fazer uma manifestação avaliando e pesando toda a contribuição histórica dessa nacionalidade na construção do nosso País e, particularmente, na construção do Rio Grande do Sul. Aliás, sou, também, por parte de mãe, de origem alemã.

Queria, em segundo lugar, trazer a esta Casa, rapidamente, a informação da nossa participação, Verª Presidenta, no dia de ontem, no Seminário do Ministério das Cidades sobre mobilidade urbana e sobre política nacional de trânsito. Esse encontro se realizou no auditório da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança; é um dos tantos seminários que o Ministério das Cidades está realizando em todo o País para discutir os documentos que, na última reunião do Conselho das Cidades - do qual faço parte e estive presente -, foram apresentados e serão votados e aprovados ou modificados na próxima reunião do Conselho das Cidades, nos dias 1, 2 e 3. Estiveram presentes a EPTC, o Conselho Estadual de Segurança, a Câmara - por mim representada - e o Ministério das Cidades. Nessa ocasião foi discutida a questão da redução do número de vítimas no trânsito, que, hoje, são em torno de 35 mil mortos ao ano, 300 mil feridos, mais de 120 mil com seqüelas - mais vítimas do que a guerra do Iraque, mais do que a guerra do Afeganistão, mostrando o tamanho do problema que nós temos de enfrentar.

Também foi discutida a questão do descontingenciamento dos investimentos que, hoje, são incluídos no cálculo do superávit primário. É toda uma luta para que sejam retirados - descontingenciamento de verbas para esta questão.

Eu queria, também, dizer que no dia de amanhã, como já foi registrado no início da Sessão, estaremos representando esta Casa no Seminário do Rio Grande do Sul sobre o anteprojeto de saneamento ambiental - outro tema que foi discutido no Conselho Nacional das Cidades.

Quero saudar a abertura, Ver. Dib, no dia de hoje, do 3º Fórum Mundial de Educação. Porto Alegre, a partir de hoje, é a Capital da Educação do mundo. Estão inscritos mais de 20 mil educadores, um mil e 200 estrangeiros, e há 45 países representados. A abertura do evento será às 18h no Gigantinho. Isso mostra que, cada vez mais, Ver. Dib, Porto Alegre se firma no cenário mundial como a Capital da participação popular, como a Capital da Educação e como uma das metrópoles do País com melhor qualidade de vida. Aliás, aproveito, Ver. Dib, já que V. Exª sempre bate nessa tecla, para questionar a sua afirmação de que não pode haver dificuldades econômicas ou déficit na Prefeitura porque há aplicações positivas. Mas isso é evidente, Ver. Dib, ainda mais V. Exª que é Engenheiro e conhece os números: se a Prefeitura arrecada a antecipação do IPTU no começo do ano, ela precisa guardar esses recursos e aplicá-los, para que, quando as despesas ocorram, no decorrer do ano, haja dinheiro em caixa. Seria imprevidente se arrecadasse antecipadamente grande parte da sua despesa e não guardasse para aplicar. Evidentemente a previsão de déficit é porque as despesas ocorrerão posteriormente.

Por fim, eu queria parabenizar a decisão do Presidente Lula, de corrigir uma injustiça com os aposentados e pensionistas que durou 10 anos, quando deles foram garfados até 39% do valor dos seus benefícios, com a criação da URV e do Plano Real. Agora, é uma despesa de mais de 12 bilhões de reais com os aposentados e pensionistas, conta que o FHC deixou e que ficou para o Governo Lula pagar. Assim como o déficit na Previdência, assim como as dívidas interna e externa que este País herdou e que estão sendo inclusive diminuídas pela ação consistente, séria e responsável do Governo Lula. E ele agora recupera mais uma dívida social, com pensionistas e aposentados que haviam perdido, com o Plano Real, 12 bilhões e 300 milhões de reais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, esta frase dita de boca cheia “Capital Mundial da Educação”, soa mais como uma piada dos “trapalhões”, que têm feito da Educação, especialmente em nossa Cidade, ora com a mudança para o construtivismo; depois para o nada e depois para o ensino em ciclos - que o próprio Presidente já disse que ser uma barbaridade – uma barbaridade. Pois uma das coisas mais graves que está ocorrendo hoje é a questão das nossas pré-escolas.

Quero convidar o Ver. Raul Carrion a fazer uma visita à Creche Santa Luiza, ali na Vila Farrapos. Nessa creche há 120 crianças em risco de vida, que foram adotadas pela creche, que é uma ONG das Irmãs de São Vicente de Paula, e que tem como característica fundamental a busca do seu próprio crescimento, dobrando a sua capacidade. Sabem por quê? Porque há 120 crianças em estado de miséria absoluta, ao lado, sendo rejeitadas pela própria creche por falta de lugar; então Porto Alegre tem na pré-escola um dos piores exemplos para o País. Esta Cidade que a Abrinq escolheu como a “Cidade da Criança”, com seus meninos de rua, com as suas creches, com suas Febems, com seu problemas gravíssimos, com a duplicação do processo de favelização na Cidade, há essa hipocrisia em se dizer, farisaicamente, a “Cidade da Criança”. Porto Alegre agora é cidade de tudo, menos da pré-escola, onde nós temos uma das vergonhas nacionais - dita aqui pessoalmente pelo Sr. Juiz de Menores -, em que menos de 20% das crianças são atendidas pela Prefeitura; as restantes são atendidas pelas ONGs; ficando fora do atendimento, ainda, mais de 45 mil crianças na cidade de Porto Alegre. Essa é uma das grandes desgraças da Cidade que não é dita.

Chamamos de “Cidade da Educação”, uma Cidade que possui uma Prefeitura que, simplesmente, através do Comude, está rejeitando uma verba; inclusive a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento foi vetada pelo Sr. Prefeito.

Então essa é a forma de trazer para cá a Educação, sendo muito bom que o Fórum de Educação Mundial se realize em Porto Alegre, porque, talvez, aprenda-se alguma coisa em matéria de Educação, já que o chefe dos "trapalhões", o Presidente Lula, disse que a educação por ciclos é uma barbaridade, e que não funciona. Nós vemos, hoje, alterações grosseiras nas estatísticas fornecidas, afirmando que a educação por ciclos provocou, inclusive, a evasão escolar, quando, na verdade, nós sabemos que foram mantidos exatamente os mesmos níveis de evasão escolar dos outros métodos. Quanto ao construtivismo, talvez seja um método um pouquinho melhor do que os outros, inclusive do ensino por ciclos. Essa é a nossa realidade, essa é a nossa desgraça e é essa a visão que temos e que deve ser exposta para não dizerem que esta é a Cidade da Abrinq. Ora, quem é o Presidente da Abrinq? É o Assessor do Lula, o Oded Gajew. Ora, isso aí chama-se jogadinha ensaiada em futebol, tabelinha, e isso tem de ser desmascarado para a população no momento em que nós temos um processo de educação, inclusive com verbas para a educação do Estado, que foram rejeitadas por um veto absolutamente impertinente do Sr. Prefeito e pela tentativa de, no apagar das luzes, fazer uma comissão para criar o Comude em Porto Alegre, fora do Corede, o que é uma desregulamentação. Lamentavelmente, para não dizer que não falei de flores, falei aqui na cidade de Porto Alegre sobre Educação. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores, ao deixar esta tribuna, eu pretendo fazer uma homenagem a um ex-Vereador desta Casa, Ver. Heriberto Back, Vereador petista, hoje militante petista ainda, mas que fez um livro com o nome "A Mãe do Lula e o Mal de Tarkson”. Aqui ele fala de Camilo Cienfuegos, fala de Che Guevara, de Fidel Castro, Lula, Tarso, Olívio, faz comparações. E eu vou mandar esse livro, aqui na agência do Correio, para Cuba, para o Presidente Fidel Castro, espero que ele receba e leia.

Mas o que me traz à tribuna, na realidade, é a afirmativa do Ver. Raul Carrion que diz que há equívoco quando se fala que o PT gosta de deixar dinheiro em CDBs. Eu acompanho a execução orçamentária desde que retornei à Câmara, depois de ser Prefeito, em janeiro de 1989. Eu, na primeira fala sobre Orçamento, disse quanto é que daria de arrecadação ao final do ano. Se forem consultados os Anais, verão que eu não errei, eu disse que dava 400 milhões de reais – cruzeiros naquele tempo – e a diferença foi de 500 mil cruzeiros, no início do ano. No segundo ano, aí eu vi a sanha do PT para colocar dinheiro em banco. O Prefeito Olívio Dutra afirmava que precisava atrasar o pagamento, porque ele não tinha dinheiro para pagar os servidores no mês de janeiro, que ele precisaria de 70 milhões de cruzeiros. E, eu, teimosamente, dizia que ele tinha dinheiro, que ele estava descumprindo a Lei e, se descumpria a Lei, tinha de ser responsabilizado. E a forma de responsabilizar o Prefeito era pedir o seu impeachment, e eu fiz isso. Claro, que os meus colegas acharam que eu estava brincando. Mas “Deus escreve certo por linhas tortas”, ele parcelou o pagamento, por faltarem 70 milhões de cruzeiros, em 31 de janeiro, 06 de fevereiro e 15 de fevereiro. Aí, um amigo meu vai fazer um depósito de over night ou de open market, pega um recibo e vai para casa. Quando ele chegou em casa se horrorizou: ele tinha feito uma aplicação de 10 mil cruzeiros e recebeu um recibo de 107 milhões de cruzeiros no dia 03 de fevereiro. E o homem que não possuía 70 milhões de cruzeiros, possuía 107 milhões de cruzeiros no sistema bancário. Se ele tivesse aplicado o dinheiro em open market e over night, ele pagaria os servidores, pela inflação que havia, naquele momento, com os rendimentos da aplicação. E, a partir daí, eu sempre tive muito cuidado.

No final do ano passado, quando o Prefeito disse que teria um déficit de 75 milhões de reais, eu vim a esta tribuna e disse que ele teria superávit de, pelo menos, 50 milhões de reais – foi um pouco mais. No início deste ano, eu perguntei ao Dr. André Passos - uma pessoa que eu respeito e estimo, pois é uma pessoa dedicada, competente - como que a Prefeitura terminou, no final do ano, com 120 milhões de reais no sistema bancário. Aí, ele me informou que havia restos a pagar - e é normal que haja restos a pagar. Com relação a esses restos a pagar, eu acredito que ele deve tê-los pago, porque, no final do mês de janeiro, ao invés de 120 milhões de reais, havia 160 milhões de reais. No final do mês de fevereiro, havia 130 milhões de reais, pois pagaram os 25 milhões de reais que haviam sido tomados do DMAE, não sei por qual motivo.

É incrível que eles tenham dinheiro em CDB. Isso não pode acontecer, pois o dinheiro do povo, arrecadado por meio de tributos, deve ser devolvido em obras e serviços.

Portanto, eu não faria uma afirmação leviana de que eles têm muito dinheiro em CDB. Eles têm, sim, e eu não sei como é que eles vão chegar, o que é que eles vão fazer no final do ano - isso eu não sei. Claro que se eles perderem a eleição não vai sobrar nada. Mas que eles têm dinheiro em CDBs, isso eles têm. Porque está, inclusive, na disponibilidade bancária, que me é fornecida, contas de aplicação e contas de aplicação para realização de obras.

Portanto, eu continuo dizendo que eles têm muito dinheiro e poucas obras, poucas realizações. Eles poderiam fazer muito mais. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para fazer um registro.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, muito obrigado pela oportunidade. Nós queríamos deixar registrado, nos nossos Anais, o nosso profundo pesar pelo falecimento, na semana que passou, do Prof. Luiz Roberto Lopez, extraordinário professor de História de todos nós, escritor, e uma das grandes figuras da Cidade. Em função do recesso e das nossas limitações, Srª Presidenta, não pudemos fazer, em homenagem a ele, um minuto de silêncio. Então, fica feito o registro da tristeza desta Casa por uma perda tão imensa.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço a manifestação do Ver. Cláudio Sebenelo, dizendo que esta Presidência compartilha desses votos de pesar a esse grande intelectual da nossa Cidade.

O Memorial da Câmara de Vereadores, por iniciativa própria, fará uma homenagem ao eminente professor amanhã, às 14h, no Teatro Glênio Peres, com uma audição comentada da 9ª Sinfonia de Beethoven, que era a sua preferida.

Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h25min.)

 

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